Você já ouviu falar na palavra andragogia? Neste artigo vamos elucidar o que significa este termo, a sua importância e como aplicá-lo na educação corporativa.
São muitos os conceitos relacionados ao aprendizado atualmente. Entre eles, vem se destacando o de Andragogia, cujo papel em ambientes empresariais será discutido amplamente neste conteúdo.
A mudança de postura dos empregadores em relação ao desenvolvimento dos seus colaboradores inseriu ainda mais a educação no universo organizacional, dando origem à Educação Corporativa.
Esse tipo de conduta eleva o papel do colaborador, colocando-o como principal autor do seu próprio desenvolvimento e evolução no trabalho, pois a Andragogia está diretamente envolvida com o tema e, quando associada ao processo de aprendizagem, pode trazer uma série de benefícios para os negócios.
Dentre os benefícios da Andragogia na educação corporativa, destacam-se o aumento da produtividade, a melhoria na qualidade do trabalho, a promoção da inovação e o fortalecimento da cultura organizacional. Através de métodos como a resolução de problemas reais, estudos de caso, workshops e treinamentos práticos, as empresas conseguem desenvolver competências essenciais de forma eficaz e duradoura.
Continue a leitura para descobrir como implementar a Andragogia em sua empresa e potencializar o desenvolvimento dos seus colaboradores.
Conceito de andragogia
Quando falamos em andragogia estamos nos referindo à educação para adultos. E ela pode ser aplicada tanto no contexto acadêmico quanto no contexto social e corporativo.
A andragogia tem como norte um ensino baseado em motivação e autoconhecimento. Além disso, os temas a serem estudados são desenvolvidos por meio de situações rotineiras.
Ensinar para adultos é totalmente diferente de ensinar para jovens e crianças, uma vez que a busca pelo conhecimento tem objetivos distintos.
O comportamento do adulto e a sua motivação pelo aprendizado levam a experiências diversas, assim como a forma de aprender. Porém, o fato de aprender de maneira diferente tem muito mais a ver com as situações vividas no ambiente do que a perda das habilidades intelectuais.
Enquanto criança e jovens, a única responsabilidade é estudar e obter a formação necessária. Já o adulto que deseja praticar o lifelong learning, por exemplo, precisa conciliar esta vontade de aprender com outras atividades.
Por este motivo é tão necessário repensar estratégias de aprendizagem que promovam engajamento e motivação. Afinal, com tantas demandas em sua rotina, é natural que a energia desprendida para adquirir novos conhecimentos seja bem menor.
E é neste contexto que a andragogia enxerga a experiência do aprendiz como peça essencial para o seu desenvolvimento. Seu objetivo é que o conteúdo seja trabalhado com maturidade, uma vez que o aluno adulto busca na educação continuada muito mais do que aprender. O adulto busca realização pessoal e profissional.
Os pilares da andragogia
Malcom Knowles, conhecido como o pai da andragogia, apresentou em seu livro “The modern practice of adult education: from pedagogy to andragogy” seis pilares presentes na andragogia. Veja:
1. Necessidade
O primeiro pilar da Andragogia é a necessidade do saber. Comumente os adultos têm certa resistência ao novo e se abrem somente quando notam que, de fato, precisam daquele conhecimento.
Logo, se for oferecida uma capacitação que não desperte o senso de necessidade do adulto, possivelmente ele não vai atentar a captar os conhecimentos que estiverem sendo expostos.
Ou seja, as corporações devem suspender o discurso de que o profissional tem a obrigação de participar de determinada capacitação e começar a expor, de fato, como aquela capacitação pode contribuir para o desenvolvimento do colaborador.
Para estimular um adulto a aprender é importante apresentar as razões de determinada capacitação. Ou seja, conforme o adulto vive alguma situação na qual aquela aprendizagem solucionará, ele se sentirá motivado a aprender. Isso significa que tal treinamento ou capacitação precisa resolver problemas reais.
2. Autonomia
O segundo pilar é a autonomia do adulto. Ao se tornar adulto, o indivíduo perde aquela dependência de afirmação, direcionamento e autorização. Logo, passa a ser protagonista de suas escolhas.
Isso significa pessoas adultas tendem a saber o que querem aprender e a decidir quando e como fazer isso. Essa maturidade e necessidade de se autogerir precisam e devem ser respeitadas.
Claro que a corporação pode dar dicas e aplicar feedbacks, mas a decisão final deve ser do profissional. Uma ideia interessante é que a empresa disponibilize um portfólio de oportunidades de desenvolvimento para que o indivíduo escolha o que mais se encaixar em sua área de interesse e necessidade.
Dessa maneira, a solução é motivar o aluno e apresentar uma gama de possibilidades de conteúdos para que ele faça suas escolhas.
3. Experiências prévias
O terceiro pilar são as experiências prévias do profissional. Na vida adulta os indivíduos não se surpreendem tanto quanto as crianças e já apresentam um vasto repertório de conhecimentos, logo, são menos influenciáveis e são mais críticos em relação às informações que recebem.
Dessa forma, é necessário promover o aprendizado do adulto de acordo com seu perfil de conhecimentos e experiências. Com isso, ele realmente conseguirá captar e se aprimorar com as informações que estão sendo passadas.
Todo o histórico do aprendiz, ou seja, a bagagem que ele carrega não pode ser deixada de lado. É essa vivência que servirá como base para alavancar seu aprendizado.
Vale ressaltar que as experiências devem ser geridas com cautela, pois ao mesmo tempo em que enriquecem os diálogos, também podem gerar conflitos.
4. Prontidão para aprender
As situações vividas pelo adulto no dia a dia despertam o interesse dele pela aprendizagem. Enquanto as crianças demonstram estar prontas para aprender por conta de seu desenvolvimento biológico, o adulto demonstra que está pronto para aprender o que, de fato, “necessita”.
5. Orientação para aprendizagem
O adulto aprende para aplicar de forma imediata. Ou seja, o aprendizado sai do campo teórico, sendo aplicado na prática, no cenário da rotina de trabalho.
6. Motivação para aprender
Já o sexto pilar é a reflexão ou motivação para aprender. Ou seja, o adulto se sente mais engajado a adquirir novos conhecimentos partindo da reflexão de que isso pode acarretar melhorias em sua vida íntima, salário, empregabilidade, negócios e carreira, por exemplo.
Como método, a abordagem é conduzida de maneira diferente do método pedagógico, já que adultos não aprendem da mesma forma que crianças. Por isso, no próximo tópico levantaremos as principais diferenças entre Pedagogia e Andragogia para avançar ainda mais nesse último conceito.
Diferenças entre Andragogia e Pedagogia
Talvez você não tenha ouvido falar em andragogia até a leitura deste artigo, mas, com certeza, pedagogia não é uma palavra estranha, não é mesmo? Embora os dois termos tenham como objetivo final a construção do conhecimento, a pedagogia é inerente à figura do professor.
Enquanto na pedagogia o professor é quem norteia o aluno, tendo um papel de condutor no ensino, na andragogia isso não ocorre. O adulto já tem uma base de conhecimento e é o protagonista do aprendizado, tendo um papel muito mais ativo. Confira, abaixo, as características de cada uma:
Andragogia
- aprendizado aplicável;
- focado e relevante para um contexto específico;
- autonomia;
- autogestão do conhecimento;
- orientação-aprendizagem;
- aplicação imediata do conhecimento;
- visa a autorrealização.
Pedagogia
- desenvolvimento mais amplo;
- voltado para um desenvolvimento generalizado;
- ensino direto;
- menor autonomia;
- ensino-aprendizagem;
- aplicação relativamente tardia do conhecimento;
- visa à formação de um indivíduo.
Como podemos ver acima, os dois métodos levam em conta a experiência de aprendizagem contextualizada, considerando objetivos claros em relação ao tipo de desenvolvimento esperado para os seus atores.
Nesse sentido, na Andragogia temos tutores (ou facilitadores), já na Pedagogia falamos em professores e “autoridades” do conhecimento.
Até porque podemos afirmar que, dentro de uma empresa, o processo de aprendizagem precisa ser ainda mais participativo, refletindo diretamente em ações com impactos reais na dinâmica de trabalho.
Quais são os principais objetivos da andragogia?
Assim como outras vertentes científicas da educação, a Andragogia tem alguns objetivos específicos. A começar pela intenção de transmitir o conhecimento do professor para um aluno ou para um grupo de alunos.
Como se destina diretamente ao ensino de adultos, é preciso traçar uma jornada diferente para que se chegue ao objetivo final. Primeiro, a compreensão dos alunos deve ser sempre estimulada.
Afinal, o professor tem contato com realidades e necessidades que são bem variadas, inclusive em comparação com outras faixas etárias. Essa compreensão envolve inclusive questões psicológicas e biológicas de cada aluno.
Além disso, o tempo é considerado como um fator decisivo. Adultos, em sua maioria, trabalham, têm compromissos familiares e, portanto, menos tempo disponível. Sem contar que ele precisa ser de qualidade. Algo também levado em conta nos aprendizados da Andragogia, para que sejam efetivos.
Como esse termo surgiu?
Embora o nome possa causar algum tipo de estranhamento, seu significado é bem compreensível. Do grego, andros (adulto) + gogos (educar), Andragogia significa “ensino para adultos”.
Um dos principais responsáveis pela disseminação da palavra é o professor alemão Alexander Kapp, conhecido como seu criador. Ele usou o termo pela primeira vez em 1833, em um livro que escreveu, denominado “Teorias Educacionais de Platão”.
Ao longo da obra, cada capítulo aborda uma fase da vida. Assim, a educação é aplicada desde antes do nascimento até chegar na Andragogia. O conceito foi bem-aceito a partir de sua explicação, então passou a ser utilizado com frequência.
O que é aprendizado autodirigido?
Você talvez esteja se perguntando como o estudo acontece na prática. Afinal, ao mesmo tempo em que há contato com o professor, também é preciso destinar um olhar para si, no caso dos alunos.
Uma das práticas mais aplicadas na Andragogia é o aprendizado autodirigido. Sua premissa é ter o aluno como agente transformador, além daquilo que o transforma.
Nesse método, é o próprio estudante que define seus objetivos de estudo e toma as rédeas para começá-lo, mesmo que não tenha de imediato o auxílio de terceiros.
E ainda que ocorra uma interferência externa, dentro do estudo autodirigido é o aluno que tem a responsabilidade de escolher conteúdos, recursos e materiais para aplicar suas estratégias de aprendizado. É por essa autonomia que ele se aplica muito bem dentro da Educação Corporativa.
Qual é a importância desse conceito?
A importância da Andragogia está principalmente no fato de que, quando um adulto estuda, não está apenas atrás de informação e conhecimento. Ele quer ir mais além e compreender os motivos pelos quais aprende determinado assunto, e não apenas o que ele significa.
Cada estudante tem suas próprias experiências, crenças e habilidades. Esse pacote influencia em seu aprendizado e no modo como se absorve o conteúdo ministrado pelo professor. O que envolve novas vivências e realidades no contexto, que são repassadas durante o processo de aprendizagem.
Ou seja, é uma troca, uma espécie de comunicação horizontal. No mundo atual, isso faz toda a diferença, porque é preciso transformar para abrir horizontes. Quanto mais se enxerga o outro, mais é possível se preparar para o presente e para o futuro.
Conheça os benefícios que ela traz para a Educação Corporativa
A autorrealização pode ser considerada como o maior benefício da Andragogia para o colaborador. Saber que esse é o seu objetivo final é a chave para uma empresa receber o melhor de sua equipe.
Portanto, partindo da ideia de que a Educação Corporativa conecta a aprendizagem às competências que a empresa precisa que seus colaboradores tenham, é necessário traçar um caminho que associe essa realização individual — e coletiva, por que não? — ao sucesso da companhia.
Antes de falarmos sobre os benefícios, contudo, levantemos brevemente os princípios da Andragogia.
Necessidade de saber
A necessidade de dar algum sentido a coisas e fatos é uma característica singular dos adultos, os quais têm aquilo que conhecemos como senso crítico. Partindo desse princípio, a metodologia trata o aprendizado como um processo ativo, no qual o aprendiz está em busca desse saber.
Autoconceito do aprendiz
Explicando de forma mais superficial, crianças aprendem porque precisam, já os adultos podem querer (ou não) aprender. Essa consciência sobre o próprio processo de aprender é outro ponto importante que a prática reconhece.
Papel da experiência
Nesse aspecto, destaca-se o valor da experiência para o aprendizado de adultos, ressaltando a vivência prática em ações concretas. E esse princípio remete ao primeiro, uma vez que a aplicabilidade do conhecimento ajuda a dar sentido ao saber.
Orientação para o aprendizado
A responsabilização sobre o próprio aprendizado, a participação ativa e o valor atribuído a determinados conhecimentos em relação a outros fazem parte do que se entende como “orientação para o aprendizado”.
Motivação
Finalmente, a motivação — que é um aspecto relevante em qualquer contexto, incluindo escola, ambientes acadêmicos e, especialmente, às empresas — é ainda mais presente na vida de adultos, uma vez que há mais liberdade de escolha e, por isso, maior relevância para fatores internos do que para opiniões e verdades alheias à sua vontade.
Enfim, diante dessas diretrizes que compõem a Andragogia, podemos destacar benefícios diretos da prática para a Educação Corporativa e, consequentemente, nos resultados das empresas. São eles:
treinamentos mais compatíveis com as demandas da empresa;
autonomia e responsabilização de colaboradores;
reforço de uma cultura de aprendizado;
estímulo à criatividade e inovação;
relações horizontalizadas;
maior capacidade de criar soluções;
otimização do conteúdo;
participação ativa de colaboradores.
Assim, a empresa que insere a Andragogia como metodologia em suas práticas de Educação Corporativa, escolhendo os formatos mais compatíveis com as suas características, passa a ter mais do que um método de aprendizado, mas uma ferramenta potente de motivação e realização de sua equipe.
Conclusão
Esperamos que com este artigo você tenha conseguido entender melhor o que é andragogia e a sua importância para a educação corporativa.
No entanto, se você precisa de uma consultoria educacional para criar seus treinamentos ou obter soluções educacionais para os seus times, lembre-se de que você pode entrar em contato conosco.
Hoje, vivemos a transformação digital constantemente e é preciso acompanhar esse processo de maneira eficiente. Isso significa que novos métodos de ensino e aprendizagem surgem ao longo do tempo e as empresas que não atendem a essa demanda acabam ficando para trás.
Não deixe de pensar fora da caixa, propondo novos desafios para os seus colaboradores e proporcionando uma experiência de aprendizagem memorável.
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